
Nos italianos, elas agitam ar reforçando o discurso.
Nos mudos, elas torçam-se e contornam como uma língua numa boca.
Nos escritores, elas esforçam-se para traduzir o génio retratado numas folhas.
No pianista, elas galopam nas teclas brancas e pretas, e dos seus cascos escandam as notas.
Nos operários, elas cantam pelos inchaços e calos dos esforços de uma jornada.
No talhante seguem os massacres do quotidiano.
Nos idosos contam uma longa, longa, longa historia, pelas suas rugas, manchas e veias inchadas.
Nos soldados, reconstituam as batalhas, revivendo a dor das cicatrizes, soprando sobre os fantasmas dos dedos mortes em combate.
No mecânico, estão camufladas por óleo.
No arquitecto, elas vestem a sua imaginação numa arte delinear.
Num guitarrista, elas protejam-se como os touros, debaixo de uma espessura de cornos.
No padeiro, elas enfeitam-se em branco para saciar a fome.
E nos noivos, elas embelezam-se com um pequeno colar.