quinta-feira, 10 de maio de 2007

Mãos



Nos italianos, elas agitam ar reforçando o discurso.

Nos mudos, elas torçam-se e contornam como uma língua numa boca.

Nos escritores, elas esforçam-se para traduzir o génio retratado numas folhas.

No pianista, elas galopam nas teclas brancas e pretas, e dos seus cascos escandam as notas.

Nos operários, elas cantam pelos inchaços e calos dos esforços de uma jornada.

No talhante seguem os massacres do quotidiano.

Nos idosos contam uma longa, longa, longa historia, pelas suas rugas, manchas e veias inchadas.

Nos soldados, reconstituam as batalhas, revivendo a dor das cicatrizes, soprando sobre os fantasmas dos dedos mortes em combate.

No mecânico, estão camufladas por óleo.

No arquitecto, elas vestem a sua imaginação numa arte delinear.

Num guitarrista, elas protejam-se como os touros, debaixo de uma espessura de cornos.

No padeiro, elas enfeitam-se em branco para saciar a fome.

E nos noivos, elas embelezam-se com um pequeno colar.

Le Moi et le Je

Si j'hésite si souvent entre le moi et le je Si je balance entre l'émoi et le jeu C'est que mon propre équilibre mental en est l'enjeu J'ignore tout des règles de je Jeu cruel et tendre à la fois entre le moi et le je On se perd de vue tout est remis en jeu Dans la froideur de la nuit je me demande où suis-je Tu me prends je me laisse prendre au Jeu de l'amour du hasard éprise de vertiges Ayant conscience que c'est un jeu dangen Reux tu abuses du je alors je cache mon jeu Sans pour autant gagner sur toi moi Si j'hésite si souvent entre le moi et le je Si je balance entre l'émoi et le jeu C'est que mon propre équilibre mental en est l'enjeu J'ignore tout des règles de ce jeu Jeu de l'amour du hasard épris de vertiges Ayant conscience que c'est un jeu dangeReux tu abuses du je alors je cache mon jeuSans pour autant gagner sur toi moi je - by Jane Birkin